Se a mulher tomou a decisão de fazer o aborto, irá fazê-lo, independente do que os outros pensem. Ela precisa admitir o fato e aprender a lidar com a culpa que sente. O propósito da ajuda, por meio da psicoterapia é superar os efeitos adversos da culpa não admitida. A mulher poderá, com o passar do tempo, a diminuí-la, embora jamais esquecerá do fato ao longo de sua vida.
O aborto é proibido no Brasil, por isso é realizado em condições precárias, em clinicas clandestinas, com pessoas despreparadas e com o uso de equipamentos sem a devida esterilização. Segundo os últimos dados da Organização Mundial de Saúde, publicados em abril deste ano, dos 87 milhões de casos de gravidez planejada ou indesejada que ocorrem anualmente no mundo, mais da metade recorrem ao aborto induzido.
A OMS ainda aponta que, 18 milhões dessas mulheres o fazem sem segurança alguma. Para concluir os alarmantes números, 68 mil morrem em conseqüência dessa atitude. No Brasil, 31% dos casos de gravidez terminam com o aborto. Os motivos que levam a cometerem o aborto são os mesmos de sempre. A decisão é sempre justificada por achar que aquilo, é o melhor para o momento. Outras, ainda alegam que não desejam ou não podem ter a criança, pela precariedade de sua situação pessoal ou de condição de vida. O fato é que as mulheres que o fazem sentem uma grande tristeza, culpa e, principalmente, remorso. Geralmente, a mulher se sente dessa forma porque “destruiu” seu próprio filho e foi contra seu instinto maternal. Mas ela precisa admitir o fato e aprender a lidar com a culpa que sente.
O aborto é um procedimento negativo, um ato agressivo com reações que fazem ser mais difícil de avaliar e caracterizar o problema. Assim, os efeitos não só terão repercussões continuas na vida da mulher, como atingirão a vida de cada indivíduo à sua volta. É nesse sentido que a mulher se torna sua própria vitima, surgindo impactos significantes em sua personalidade.
Acompanhado por muito sofrimento, o aborto nunca é uma decisão fácil, mas mesmo assim muitas mulheres, em sua maioria adolescentes, optam por fazê-lo. Não esperando ou planejando a gravidez, elas possuem o desejo de ter a criança, só que por pressão de seus pais ou por parte do pai da criança, que em muitas das vezes também é jovem, despreparado e inesperiente para tal responsabilidade, praticam o ato abortivo.
O que acontece é que algumas mulheres reprimem a culpa que sentem, para evitar o sofrimento, podendo vir à tona mais tarde em forma de doenças. Além dos danos físicos, surgem traumas psicológicos como queda da auto-estima pela destruição do próprio filho, hostilidade ao marido ou amante e neuroses. Ainda pode ocorrer, insônia, depressões e perda do desejo sexual.
Por Estevan Matheus, psicoterapeuta
www.estevanmatheus.com.br e-mail: esvero@uol.com.br
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