Durante o período de férias é preciso tomar certos cuidados com a saúde, principalmente na hora da viagem, ainda mais se ela for longa. Uma das doenças mais comuns, que pode ter como causa a imobilidade prolongada de uma viagem longa, é a trombose venosa profunda.
Essa doença se caracteriza pela formação de coágulos no interior das veias e acontece quando há compressão por um longo período de tempo das veias dos membros inferiores (pernas e coxas) contra as bordas das poltronas. Isso dificulta a circulação do sangue e facilita a sua coagulação.
Os sintomas mais comuns são inchaço, vermelhidão e dor. No entanto, em 60% dos casos, são assintomáticos e ocorrem em apenas uma das pernas.
Para quem vai viajar de avião por muitas horas, todo cuidado é pouco. A compressão do ar e a falta de espaço entre as poltronas prejudicam a mobilidade e dificultam a circulação do sangue no corpo. A circulação lenta pode ocasionar o rompimento de uma veia e a formação de coágulos capazes de interromper o fluxo sangüíneo, originando a trombose.
Os riscos são menores em uma viagem por terra porque os passageiros geralmente fazem paradas regulares para caminhar. Já em um avião, somam-se o fato de as pessoas permanecerem por mais tempo sentadas (grande parte em assentos apertados da classe econômica), a pressurização e a refrigeração da cabine.
“As pessoas se desidratam com mais facilidade e não bebem líquidos o suficiente. Grosso modo, o sangue fica mais viscoso [favorecendo a formação de coágulos]“, explica Silva. Além disso, o consumo de álcool é mais comum, e isso facilita a desidratação.
Os principais sintomas da trombose venosa profunda são dor e inchaço bastante significativos na perna e endurecimento da panturrilha.
A população em geral deve cumprir as recomendações básicas para evitar riscos, principalmente se viaja em classe econômica, onde as poltronas são pequenas e dificultam ainda mais a movimentação.
Indica-se beber bastante líquido durante a viagem, evitar o consumo de álcool, usar meias elásticas de compressão para facilitar a circulação sanguínea, procurar caminhar a cada duas horas e, por esse motivo, não ingerir remédios para dormir. No caso de viagens terrestres longas, deve-se programar paradas regulares ou aproveitar as paradas periódicas dos ônibus para andar.
Já passageiros com histórico próprio ou familiar de trombose, arritmias cardíacas ou câncer, que fumem e usem hormônios ou que passaram por cirurgia recente, entre outros (veja infográfico nesta página), devem consultar um especialista antes de viajar.
“Pode-se avaliar particularmente o caso e tomar a decisão de usar alguma medicação preventiva, como os antiagregantes plaquetários, como a aspirina, ou mesmo uma profilaxia com um tipo de anticoagulante, indicação mais rara”, diz Silva.
O ar mais rarefeito e a pressão atmosférica menor da aeronave podem ainda causar desconforto em pacientes com doenças respiratórias crônicas.
Por isso, quem sofre de asma ou passa por uma crise aguda de sinusite, por exemplo, deve tratar os sintomas antes de embarcar para não sentir dor ou falta de ar, diz o pneumologista José Eduardo Cançado, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia.
É indicado adiar o voo ou, se não for possível, consultar um médico após algumas situações para evitar riscos ou desconfortos
- Cirurgias no tórax, no abdômen, na cabeça ou nos membros: 10 dias
- Infarto: 1 a 3 semanas
- Pequenas cirurgias: 72 horas
- Membro engessado: 72 horas *
- Intervenções na boca: 48 horas
- Laparoscopia: 48 horas
- Mergulho: 24 a 72 horas
- Otite, sinusite, rinite ou gripe: Após fase aguda **
* a partir do dia em que colocou o gesso. ** ou use descongestionantes.
Fontes: JOSÉ EDUARDO DELFINI CANÇADO, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia; JOSÉ LUÍS NASCIMENTO SILVA, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, e VÂNIA RAMOS MELHADO, do comitê multidisciplinar de medicina aeroespacial da Associação Paulista de Medicina.
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