Estudo sugere que o jogo de raciocínio pode reduzir os flashbacks que acometem as pessoas que sofrem do transtorno.
Jogo age diretamente no mecanismo cerebral que causa a lembrança involuntária do trauma |
Um dos grandes problemas para as pessoas que passam por um trauma muito grande, como vítmas de sequestro ou soldados que voltam de conflitos, é o Transtorno do Estresse Pós Traumático. Essas pessoas passam a ser assombradas por flashbacks que podem fazê-las reviver as experiências terríveis por anos e até décadas. A pesquisadora de psicologia clínica da Universidade de Oxford, Emily Holmes, pode ter uma solução inusitada para aliviar o sofrimento dos pacientes.
Em 2009, a pesquisadora demonstrou que voluntários que haviam jogado Tetris por meia hora depois de serem submetidos a uma exibição de fotos explícitas de ferimentos tiveram menos recordações das imagens vistas. Não ficou claro, na época, se o jogo funcionou apenas como uma distração e se o efeito pode ser conseguido com outros jogos. Seus últimos estudos demonstram que essa “cura” pode ser conseguida apenas com jogos onde o raciocínio visuo-espacial é necessário. Tetris é um dos jogos mais clássicos a usar essa capacidade.
Para comprovar essa tese, os últimos testes de Holmes envolveram voluntários separados em três grupos: o primeiro grupo jogou Tetris, o segundo grupo jogou um quiz de conhecimentos gerais e o terceiro não jogou nada. O grupo que jogou Tetris teve metade das recordações que o grupo que não jogou nada. Já o grupo que brincou com o jogo de conhecimentos gerais teve mais recordações do que o segundo grupo.
O resultado positivo com o quebra-cabeça foi conseguido até quatro horas após a experiência traumática, segundo a pesquisadora. Mais do que uma distração, o jogo interfere com os mecanismos que formam as memórias intrusivas, diretamente ligadas com as recordações, ou flashbacks, nos casos de estresse pós-traumático. Segundo o estudo, o cérebro leva cerca de seis horas para gravar permanentemente memórias aleatórias relacionadas a um grande trauma.
Por Leonardo Carvalho
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